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Fonte das fotos: https://www.ufmg.br/online/arquivos/005910.shtml http://www.diariodocentrodomundo.com.br/conducao-ilegal-do-reitor-da-ufmg-lei-do-abuso-de-autoridade-ja-por-wadih-damous/ |
Fruto de
forte pressão popular, como resultado, trouxe de volta ao Brasil
exilados políticos, entre eles artistas e políticos. Uma onda de
otimismo e esperança encheram as ruas e deu força para movimento
das eleições diretas. O “Bêbado e o Equilibrista” de Aldir
Blanc e João Bosco na voz de Elis Regina marcou uma época e virou
hino da abertura política.
Quem
poderia imaginar que a lei da Anistia, a despeito de seu valor
simbólico, alimentou o parasita fascista no seio da democracia e
criou escola. Centenas de presos políticos contrários ao regime
militar, cumpriram suas penas integralmente mesmo após a vigência
da lei por crimes imputados pela justiça dos generais, acusados de
terrorismo e mortes, sem possibilidade de recurso. Quanto aos agentes
da repressão estatal, ficaram impunes pela mesma lei dos crimes de
sequestro, estupro, tortura, assassinato, terrorismo e ocultação de
cadáveres.
Que tipo
de exemplo você sinaliza a jovens que acompanharam a abertura
política, a constituinte de 1988, a primeira eleição e toda a
história política até o golpe de 2016 com os generais criminosos e
torturadores do DOI-CODI gozando de liberdade, curtindo sua
aposentadoria com total liberdade, enquanto famílias das vítimas
tentam se recuperar após serem destroçadas pelas mãos de ferro do
estado fascista. Ainda que o estado posteriormente tenha indenizado
filhos, esposas ou mães, recuperado aposentadorias das antigas
funções públicas ou o mero reconhecimento público de crimes dos
agentes da repressão de estado pela comissão da verdade, nada disso
foi capaz dissipar a materialização do ideal opressor incentivado
pelo valor simbólico de sua história.
Hordas
de mancebos de gerações alienadas, movidos pelo estigma
individualista do ideal propugnado pelo “American way of life”
e que hoje ocupam cargos públicos no ministério público, polícia
federal e justiça federal são candidatos ideais a herdarem o
fenótipo fascista, moldado pelo eloquente simbolismo que a
impunidade de seus antecessores alforriados. Eles só precisam de um
pouco de ódio para florescerem.
Sob a
batuta do mercado, o golpe de 2016 que serve de terra prometida para
as novas oportunidades, criam-se também novas demandas para tais
mercenários dispostos a polir o ódio e alimentar o ego. Se a fome
por petróleo, energia elétrica e água potável é tão implacável
quanto a fome de uma tempestade de gafanhotos, porque ignoraríamos o
grande potencial econômico que a educação é capaz de oferecer
para um país com mais de 50 milhões de estudantes, 8 milhões dos
quais, estudantes do ensino superior. Seria plausível desconfiar dos
recentes ataques policiais-midiáticos à universidades federais como
a UFSC e UFMG? Porque ignorar o poder letal da desmoralização
pública de instituições respeitáveis e com grandes orçamentos?
Sem sombra de dúvida as universidades e as escolas agregam uma resistência ao golpe de estado, como foi com os "Ocupa Escola" de 2016. Já no golpe de 1964, a repressão voltou seu olhar para as universidades, celeiro de "subversivos" como eram chamados pelos colaboracionistas e golpistas.
Independente
do mérito das respectivas investigações, impossível justificar
missões policiais com mais de cem agentes públicos compostos por
políciais federais e auditores federais nas duas universidades e que
despenderam gastos astronômicos. O que justificaria passar por cima
da lei e sequestrar o reitor Cau Cancelier e mantê-lo em cárcere?
O que justificaria a condução coercitiva do reitor e vice-reitora,
ex-reitor e ex-vice-reitora da UFMG sem terem sido intimados
anteriormente?
A
“guerra contra o terror” de George W. Bush geraram as leis
patrióticas no pós onze de setembro para aplacar a ameaça do
oriente médio e que tiraram a liberdade de milhares de muçulmanos
sem julgamento. Criou-se um precedente para o Estado de Exceção
para justificar a “liberdade” dos cidadãos estadounidenses.
Seria a “guerra contra a corrupção” uma cópia mal feita
para justificar o retorno à estabilidade das elites e o domínio da
senzala? Hoje é fato consumado que os desastres das missões no
Afeganistão e Iraque escondiam interesses privados de grandes
corporações. Porque aqui no Brasil a guerra contra a corrupção
seria diferente? Interesses poderiam acobertar tais operações? É
preciso que Brasil tome providências urgentemente contra o avanço
do Estado de Exceção e abusos de autoridades. Não bastou o
precedente do reitor Cancellier?
Sobre o
nome da operação na UFMG “Esperança Equilibrista” envolvendo o
memorial da Anistia, não há ironia, que melhor forma de transformar
simbolicamente os sonhos revolucionários que atingi-los diretamente.
Não é de hoje que as apropriações culturais deformam o simbolismo
original, mas “O Bêbado e o Equilibrista” é maior do que
qualquer ameaça fascista e nunca deixará de ser hino.
Chico
Caprario
Estudante UFSC
Estudante UFSC
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Maquete do Memorial da Anistia em Belo Horizonte |
Fonte da Foto: http://www.hsmaquetes.com.br/portfolio/memorial-da-anistia/memorial-anistia-01/
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