Floripa Contra o Estado de Exceção vem
a público manifestar seu repúdio ao violento ataque sofrido pela UFMG no dia 6 de dezembro de 2017, bem
como aos novos ataques sofridos pela UFSC na manhã deste dia 7 no âmbito da
“Operação Torre de Marifim”, como uma grave violação ao
Estado de Direito e à autonomia constitucional universitária que ofende todas
as instituições democráticas do país. Ao mesmo tempo, presta inteira
solidariedade ao seu corpo de dirigentes, professores e servidores agredidos
pela prisão ilegal, condução coercitiva e humilhação de homens e mulheres de
conduta ilibada e de contribuição largamente reconhecida. Forjadas num
vexaminoso conluio entre Corregedoria Geral da União, Polícia Federal, Justiça
Federal e Ministério Público Federal, essas operações reiteram expedientes
abusivos, característicos de um Estado de Exceção. Assim como os ataques
anteriores e novos impostos à UFSC, a intervenção militar sofrida pela UFMG denuncia
seu verdadeiro propósito no bojo da ofensiva neoliberal sofrida pelo Brasil:
promover a desmoralização e o desmonte de instituições de ensino de lisura e qualidade
inabaláveis.
Na sequência do
show de horrores patrocinado pela famigerada Operação “Ouvidos Moucos” na UFSC,
que culminou com a morte traumática do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo,
a comunidade universitária nacional assiste à caluniosa operação “Esperança
Equilibrista” dar seu bote contra a segunda maior universidade do país. O mesmo
padrão de conduta abusiva, violenta, espetaculosa e difamatória dos agentes da Polícia
Federal desmascaram uma única operação nacional de caráter fascista. Não restam
dúvidas sobre sua real finalidade: criar as condições de implantação do projeto
neoliberal privatista das instituições públicas de ensino superior, a começar
pelas que desfrutam de largo prestígio por sua contribuição histórica à
sociedade brasileira.
Estamos
confiantes de que a reação nacional e internacional fará com que os canhões
desses atentados à imagem e ao corpo das instituições se voltem contra o
próprio governo que os agasalhou. É de amplo conhecimento a pauta neoliberal
que está em curso por trás dessas ofensivas, com a tarefa de destruir as
condições de educação pública de qualidade para abrir caminho à privatização do
ensino recomendada pela cartilha do Banco Mundial. Elas ocorrem no bojo de
outras ofensivas desencadeadas a partir da tomada do poder pelo Governo Temer,
como a destruição das leis trabalhistas, a entrega criminosa dos recursos
naturais, a privatização de setores essenciais para a soberania nacional e,
finalmente o desmonte da Previdência Social e do sistema público de saúde.
Humilhando, constrangendo e aviltando a dignidade dos seus dirigentes, essas
operações difamatórias revelam seu claro propósito de incitar o ódio da opinião
pública ignora apelando para a falsa bandeira do combate à corrupção.
Diante do
devastador cenário nacional, assistimos hoje, contudo, ao crescimento da
compreensão do povo brasileiro sobre a armadilha dessa bandeira marcada pela
hipocrisia, que serve como um cavalo de troia para a retirada dos seus direitos
e anulação das políticas públicas. Forjadas na calúnia, no abuso de autoridade
e na ilegalidade de prisões que aviltam os direitos humanos e jurídicos dos representantes
eleitos das comunidades universitárias, essas intervenções denunciam um mesmo modus operandi. O grande dispêndio de
recursos para mobilizar contingente excessivos de policiais, superior ao desvio
de recursos que essas operações colocam sob suspeita, por si só desmentem o seu
caráter moralista. Conforme
demonstram as contas da UFSC e da UFMG, rastreadas e aprovadas por todos os
órgãos federais de controle e fiscalização, não há recursos públicos a
recuperar que possam justificar os danos ao Estado Democrático de Direito e à
vida comunitária causados por essa onda de violações.
O Coletivo
Floripa Contra o Estado de Exceção se une a todas as forças democráticas do
país no levante em defesa das nossas universidades. Nosso mais veemente repúdio
à Operação “Esperança Equilibrista”, que desde seu nome expressa a afronta e o
deboche deste governo não só pelo patrimônio material e imaterial da educação
pública, como também pela memória histórica e cultural do nosso país. Não à
toa, seu alvo é um símbolo democrático como o Memorial da Anistia, dedicado à
documentação dos crimes cometidos pela Ditadura Militar contra artistas,
intelectuais, estudantes, educadores e operários brasileiros, que em grande
medida partiram de ataques idênticos às nossas instituições universitárias. O
passado triste e sujo de manchas torturadas, imortalizado pela canção de João
Bosco e Aldir Blanc, aviltada pelo sequestro indébito do seu sentido, é o que
essas ações pretendem reeditar no nosso país. Não conseguirão, contudo, nos
intimidar: os atentados fascistas só servirão para acordar os incautos e nos
tornar mais fortes e mais coesos.
NÃO PASSARÃO!
DITADURA NUNCA MAIS, SUICÍDIO NUNCA MAIS!
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Floripa Contra o Estado de
Exceção
Florianópolis, 07 de Dezembro de
2017.
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